quarta-feira, 15 de junho de 2016

FRANKENSTEIN, A CRIAÇÃO DE MARY SHELLEY, NASCEU HÁ 200 ANOS

Foi na madrugada de 16 junho de 1816 que nasceu o monstro maldito que assombra leitores há várias gerações. Com ele, nasceu o género de ficção científica e uma tradição de livros de gelar o sangue.

A "criatura" e o seu criador - o jovem médico Victor Frankenstein

Decorria o verão (o “não verão”) de 1816. Mary Shelley e o marido, o escritor Percy Bysshe Shelley, viajaram para a Suíça, para uma bela propriedade nas montanhas, onde estava instalado o seu amigo Lorde Byron, poeta e uma das figuras mais importantes do romantismo inglês. Todos desfrutavam do verão alpino, caminhando por bosques e veredas. Porém, certo dia, as nuvens encobriram o sol e a chuva interrompeu os passeios estivais. Não apenas durante um dia ou dois: instalou-se por um longo período. Byron, Percy e Mary Shelley e outros convidados viram-se, por isso, forçados a permanecer em casa, reunindo-se em redor da lareira. 
Aí, entre copos de vinho, maravilhavam-se com a leitura de grandes clássicos da literatura, entre os quais alguns volumes de histórias de fantasmas, traduzidas do alemão e do francês, e, num daqueles dias intermináveis de tempestade de verão, sem possibilidade de sair para a montanha ou de realizar qualquer outra atividade no exterior da casa, Lorde Byron lançou um desafio literário aos seus convidados: propôs-lhes um concurso em que cada um deveria escrever uma narração, uma história de terror, e aquela que viesse a ser considerada a narração mais aterrorizadora ganharia o concurso.
Embora fosse um desafio apaixonante, tanto Byron como Percy Shelley largaram a pena mal o sol nasceu e o bom tempo voltou. Pelo contrário, Mary Shelley, então com apenas dezoito anos e muito mais disciplinada que os seus amigos masculinos, não se deixou distrair nem tentar pelas maravilhas da natureza, preferindo ficar dentro de casa, onde acabou por escrever Frankenstein ou o Prometeu Moderno.
Assim nascia, Frankenstein, que, tal como Mary Shelley desejava, é uma história que faz o leitor recear olhar à sua volta, lhe gela o sangue e lhe acelera as batidas do coração. Uma história popular há várias gerações, que fascina os leitores, não apenas por se tratar de uma boa história de terror e a primeira obra de ficção científica da História, mas também por abordar questões éticas sempre atuais, como o uso do conhecimento ou a criação de vida artificial.

Fontes:
“Frankenstein. O monstro de Mary Shelley nasceu há 200 anos”, de Rita Cipriano (Jornal Observador online)
A vida secreta dos livros, de Santiago Posteguillo

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pelo seu comentário!